Biodiversidade - Flora e Funga
Flora do Cerrado
O bioma Cerrado é conhecido por sua grande biodiversidade e complexidade ecológica. A flora do Cerrado é adaptada a condições ambientais extremas, como solos pobres em nutrientes, alta acidez e a ocorrência de incêndios frequentes. A vegetação do Cerrado pode ser dividida em diferentes fitofisionomias, cada uma com características únicas.
As árvores e arbustos do Cerrado desempenham um papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico, na provisão de serviços ecossistêmicos e na sustentação da biodiversidade do bioma. Aqui estão alguns dos principais aspectos que destacam a importância dessas plantas:
1. Regulação do Ciclo Hidrológico
• Absorção e Retenção de Água: As árvores e arbustos do Cerrado, com suas raízes profundas, ajudam na infiltração da água no solo, promovendo a recarga de aquíferos e a manutenção dos cursos d'água durante a estação seca.
• Controle da Erosão: A vegetação arbórea e arbustiva estabiliza o solo, prevenindo a erosão, especialmente em áreas de relevo acidentado.
2. Manutenção da Biodiversidade
• Habitat e Refúgio: As árvores e arbustos fornecem habitat e refúgio para uma grande variedade de espécies de fauna, incluindo mamíferos, aves, insetos e outros organismos.
• Polinização e Dispersão de Sementes: Muitas plantas do Cerrado dependem de interações com animais para a polinização e a dispersão de sementes, promovendo a regeneração e a diversidade genética.
3. Serviços Ecossistêmicos
• Ciclo de Nutrientes: A queda de folhas, galhos e outros detritos vegetais contribui para a ciclagem de nutrientes no solo, melhorando sua fertilidade.
• Armazenamento de Carbono: As árvores e arbustos do Cerrado armazenam carbono tanto na biomassa aérea quanto nas raízes, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
4. Adaptação ao Fogo
• Resiliência ao Fogo: Muitas espécies de árvores e arbustos do Cerrado são adaptadas ao fogo, com cascas espessas e a capacidade de rebrotar após queimadas. Isso ajuda a manter a estrutura e a funcionalidade do ecossistema.
• Manejo Natural do Fogo: O fogo, quando ocorre em regimes naturais, é essencial para a manutenção da diversidade do Cerrado, favorecendo a coexistência de diferentes espécies e fitofisionomias.
5. Importância Econômica e Cultural
• Uso Tradicional: As árvores e arbustos do Cerrado têm diversos usos tradicionais, sendo fonte de alimentos, medicamentos, fibras e materiais de construção para as comunidades locais.
• Produtos Não Madeireiros: Espécies como o pequi (Caryocar brasiliense) e o baru (Dipteryx alata) são economicamente importantes, fornecendo frutos, castanhas e outros produtos valorizados no mercado.
6. Espécies Emblemáticas e Conservação
• Pequi (Caryocar brasiliense): Conhecido por seu fruto nutritivo, é uma espécie símbolo do Cerrado e importante na culinária e cultura local.
• Barbatimão (Stryphnodendron adstringens): Utilizado na medicina tradicional, suas cascas têm propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias.
• Ipê (Tabebuia spp.): Valorizado por suas flores vistosas, é também uma espécie importante para a biodiversidade, atraindo polinizadores.
Desafios e Ameaças
• Desmatamento e Fragmentação: A expansão agrícola e urbana tem levado à perda de grandes áreas de Cerrado, fragmentando habitats e reduzindo a conectividade ecológica.
• Mudanças Climáticas: Alterações nos padrões de precipitação e temperatura podem afetar a sobrevivência e a distribuição das espécies de árvores e arbustos do Cerrado.
• Incêndios: A mudança no regime de incêndios devido a atividades humanas pode impactar negativamente as espécies vegetais adaptadas ao fogo.
Estratégias de Conservação
• Proteção de Áreas Naturais: Estabelecimento e gestão eficaz de unidades de conservação são essenciais para preservar as fitofisionomias do Cerrado.
• Recuperação de Áreas Degradadas: Projetos de restauração ecológica podem ajudar a recuperar a vegetação nativa e promover a biodiversidade.
• Educação e Sensibilização: Promover a conscientização sobre a importância do Cerrado e suas espécies é crucial para engajar a sociedade na conservação.
A flora do Cerrado é rica e diversificada, adaptada a condições extremas e desempenhando um papel essencial na manutenção do equilíbrio ecológico do bioma. A conservação dessas plantas é fundamental para preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos do Cerrado, bem como para manter o patrimônio natural e cultural da região.
Na Trilha do Tatu, situada na Reserva Ecológica da UEG, são observadas espécies frequentes em áreas com fitofisionomias como Mata Seca, Mata de Galeria e Cerrado strictu sensu. Dentre essas, destacam-se espécies da família Vochysiaceae, com ênfase no gênero Qualea. Embora nenhuma das espécies catalogadas até o momento esteja listada como ameaçada de extinção pela Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008), o levantamento na REC-UEG destaca a presença de plantas como a lobeira (Solanum lycocarpum), essencial para a alimentação de animais ameaçados, como o lobo-guará, frequentemente avistado na área (OLIVEIRA JUNIOR, 2004).
Além disso, a região é notável pela presença de frutas como o murici (Byrsonima verbascifolia), conhecido por seu alto teor de fibras, carboidratos, proteínas e lipídios (GUIMARÃES, 2008), e a mangaba (Hancornia speciosa), uma das frutas brasileiras mais ricas em ferro e uma excelente fonte de vitamina C (SILVA JUNIOR, 2004).
Ainda sobre a Trilha do Tatu, destacamos algumas espécies como: jatobá do cerrado, micônia, pau terra, barbatimão, carne de vaca, laranjinha do cerrado, murici, canela de ema, bate caixa, pacari, pau doce, lixeirinha, pau santo, pau de leite, lobeira, dentre outras.
Funga da Trilha do Tatu
Na Trilha do Tatu da Reserva Ecológica da UEG, a presença de membros da funga é marcante. Diversas espécies são listadas como ocorrentes com frequência na localidade (Leonardo-Silva et al. 2018). Devido às características do ambiente, é comum observarmos membros de vários grupos, como os fungos poroides do tipo orelha-de-pau, como a espécie Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill, popularmente conhecido como urupê e o fungo goma-de-mascar, da espécie Schizophyllum commune Fr. além destes, destacam-se fungos com a morfologia de cogumelos, como o Lentinus crinitus (L.) Fr. , cujo nome popular, dado pelos indígenas Yanomami é bastante peculiar (cogumelo-ânus-peludo). Nas áreas de mata, também é comum observarmos o cogumelo-de-côco, da espécie Oudemansiella cubensis (Berk. & M.A. Curtis) R.H. Petersen . Além destes fungos, que podemos observar a olho nu, destacam-se várias espécies de microfungos, que só podemos ver ao microscópio, muitos deles associados a plantas como a bate-caixa (Santos et al. 2021). Na Trilha do Tatu, também se destaca a ocorrência de pseudofungos pertencentes ao grupo dos protistas, conhecidos como “amebas-terrestres”, cientificamente nomeados como mixomicetos (Leonardo-Silva et al. 2021). Espécies de mixomicetos como Arcyria cinerea (Bull.) Pers. e Hemitrichia serpula (Scop.) Rostaf., são bastante comuns . (Olhar Blog)

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